A cultura do pires na mão

25 de março de 20140

por GUILHERME GUIMBALA JUNIOR*
O Brasil, definitivamente, como diz a máxima, não é um país para amadores. Em termos de produção cultural, diria que é um ditado que se encaixa perfeitamente. Conversando com uma produtora cultural sobre as dificuldades de financiamento de um megaevento cultural em Joinville, comecei a refletir sobre como é difícil produzir cultura neste País. Mesmo que você, como pessoa física, tenha um projeto cultural muito bom, dificilmente vai conseguir algum apoio que não seja por algum fundo ou lei que compense em impostos o valor que vá se dispender com sua ideia. E são leis que, geralmente, impelem o empresário a ter que antecipar impostos para financiar projetos culturais. E antecipar pagamento de impostos em um país com uma das maiores taxas tributárias do mundo não parece ser atraente para nossos empresários.
Em outras fontes de recursos públicos, somente se você for de alguma instituição com finalidades específicas, que previamente passam por um cadastramento. E para quase todos os fundos disponíveis, estes cadastros não são assim tão simples de se fazer. Recentemente, causou certa comoção nas redes sociais e, provavelmente, algum constrangimento para os donos das maiores fortunas de Joinville o ato de um empresário da vizinha Jaraguá do Sul fazer uma doação ao nosso Hospital São José. Diferente mentalidade de quem já ajudou muito sua cidade e se compadeceu com a situação do nosso Zequinha. Muitos são os joinvilenses, hoje, que se deslocam para Jaraguá do Sul buscando um tratamento de excelência contra o câncer que ainda não encontram em Joinville.
O que falar, então, do teatro da Scar, construído pela iniciativa privada. Conheço vários produtores teatrais que literalmente babam quando se referem à estrutura do local, dos seus 900 lugares e da possibilidade de trazer grandes espetáculos que dependam de maior produção. Nossa produção cultural neste modelo proposto depende praticamente do Estado.
Você vai me dizer: mas nunca se produziu tanta cultura neste País. É verdade, admito; só em Joinville, em 2013, foram encaminhados para o Simdec mais de 500 projetos em diferentes categorias, sendo aprovados mais de uma centena deles. Aos demais 400 outros produtores culturais, minha solidariedade e reconhecimento pela coragem, mas, não querendo ser muito negativista, melhor seria qualificar mais seu projeto e entrar na fila do Simdec do ano que vem ou vestir as sandálias da humildade e sair atrás de recursos com o pires na mão.
* Professor e coordenador de marketing da ACE/FGG
fonte : http://wp.clicrbs.com.br/
 

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