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Como captar recursos nas fundações americanas em época de crise

Nos últimos dez anos, organizações brasileiras receberam mais de 430 milhões de dólares – 1 bilhão de reais, aproximadamente – de fundações americanas. Essa, é atualmente uma forma de se buscar a diversidade na captação de recursos, um imperativo para as organizações da sociedade civil. Leia abaixo artigo de Eelco Keij, que vem ao Brasil mês que vem, a convite da ABCR, para oficinas exclusivas sobre o tema.
 
“Desculpe-me, poderia me ajudar a entrar em contato com a Fundação Ford? Temos certeza que eles vão se interessar no trabalho que fazemos!”
 
Não é incomum para o meu escritório receber uma questão como essa de alguém trabalhando para uma organização da sociedade civil fora dos Estados Unidos. Ainda que eu entenda o interesse em buscar recursos dessas fundações privadas, a questão acima está mal colocada por dois motivos.
 
Primeiro, há literalmente milhares de fundações nos Estados Unidos que financiam internacionalmente, então porque se aproximar daquelas mais famosas? Uma outra fundação, menos conhecida, poderia provavelmente financiar mais sua causa – e possivelmente mais rapidamente.
 
Segundo –  e ainda mais importante – a questão mostra um completo desconhecimento de como o setor funciona. Captação de recursos é justamente pensar o contrário. Parafraseando o Presidente Kennedy: não pergunte o que a fundação pode fazer por você – pergunte a você o que pode fazer pela fundação. Cada fundação tem seus próprios objetivos e missão. Se você garantir que consegue contribuir para que ela os alcance, é mais provável que eles os ouçam.
 
Para ser justo, muitas organizações brasileiras já sabem disso. As estatísticas disponíveis na organização Foundation Center indicam que nos últimos dez anos, organizações conquistaram mais de 430 milhões de dólares (mais de 1 bilhão de reais) em doações de fundações americanas.
 
Doações
 
Nos Estados Unidos, fundações como a Fundação Ford diferem de organizações comuns da sociedade civil na forma que são financiadas, uma vez que seus recursos têm origem em grandes doações de famílias, indivíduos ou empresas, e não de um fluxo contínuo de doações do público. Essas fundações privadas usam esse recurso para apoiar financeiramente outras organizações. É o chamado grantmaking.
 
Há mais de 110 mil organizações grantmakers nos Estados, incluindo também, além das próprias fundações, outras organizações e iniciativas de empresas. Em 2011, por exemplo, o total de dinheiro que as fundações americanas mandaram para outras organizações no mundo foi de 3 bilhões e 500 milhões de dólares, mais de 9 bilhões de reais.
 
A boa notícia é que o setor das fundações americanas está em crescimento contínuo e, em 2014, alcançou o mesmo nível de 2008, quando teve início a grande crise econômica americana. Nos Estados Unidos, a religião é a área que mais recebe as doações domésticas, e a saúde é a que mais recebe as doações que vão para fora do país, seguido do desenvolvimento e do meio-ambiente.
 
Como ser escolhido
 
Em qualquer fundação, é trabalho do assessor de projetos conferir e monitorar os financiamentos, mas um influxo grande de pedidos por recursos geralmente faz com que o técnico crie uma “barreira de auto-defesa” para garantir o trabalho suave de uma fundação sobrecarregada.
 
“Não recebemos pedidos de financiamento” ou “doamos somente para organizações pré-selecionadas” são frases que provavelmente você já leu no site de várias fundações. Enviar “propostas frias” parece ser um trabalho e tempo desperdiçado para os dois lados, então como sua organização pode se tornar pré-selecionada?
 
No meu ponto de vista, o processo de captação de recursos nesse período pós-crise econômica americana foi fundamental reduzido para três fase importantes, na seguinte ordem: pesquisa, contato informa e cultivo.
 
Primeiro, você tem que fazer a lição de casa – das 110 mil fundações disponíveis, quais você deve contactar, e quais você deveria deixar sozinhas, poupando seu tempo? Somente a partir de uma pesquisa completa em várias fontes – bancos de dados, registros fiscais, relatórios anuais e sites de fundações – em uma ordem própria, você conseguirá reduzir seu escopo para uma lista de aceitáveis 20 a 40 potenciais candidatos.
 
E mesmo depois disso, o aviso ainda é válido – não envie “propostas frias” pedindo recursos, mas foque primeiro no contato informal. Uma vez que ele estiver estabelecido – e isso pode ser um demorado e diplomático processo – e uma rejeição inicial não tiver aparecido, é que o período de cultivo começa.
 
Organizações não doam a organizações da sociedade civil – pessoas doam a pessoas. Eles querem conhecê-lo e confiar em você. Disponibilize tempo para construir um sentimento de parceria entre você e a organização que você está abordando, e identifique exatamente como um pode apoiar ao outro. É uma via de duas mãos – fique esperto porque pode levar até dois anos antes de você ser convidado a apresentar uma proposta para financiamento da sua organização.
 
Fonte: http://captacao.org/recursos/artigos/1425-como-conseguir-recursos-de-fundacoes-americanas-em-epoca-de-crise-economica

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