Impacto econômico do setor audiovisual no Brasil

Nesta semana foi lançado um estudo inédito, encomendado pela Motion Picture Association na América Latina (MPA-AL) e o Sindicato Interestadual da Indústria do Audiovisual (SICAV), que buscou revelar qual a “Contribuição Econômica do Setor Audiovisual Brasileiro”.
Foi identificado que, no ano de 2009, o valor adicionado pelo setor na economia brasileira foi de R$ 15,7 bilhões, que equivalem a R$ 19,8 bilhões em 2013. A cifra indica que o setor foi responsável por 0,57% do PIB nacional, participação semelhante a de outros setores como têxtil, vestuário, autopeças e produtos farmacêuticos. A contribuição indireta estimada para a economia é de R$ 11,9 bilhões.
“Infelizmente as estatísticas oficiais não permitem o cálculo direto da contribuição para a arrecadação de impostos. Entretanto, este valor é estimado pela Matriz de Insumo-Produto (MIP) em R$ 1,6 bilhões correntes. Considerando um multiplicador de 1,59, a contribuição indireta sobre a arrecadação total de impostos foi de R$ 944 milhões”, informa o relatório.
O setor audiovisual foi responsável pela geração direta de 110 mil empregos formais em 2012 (o que corresponde a 0,35% dos empregos do setor de serviços). Para cada emprego criado no setor de audiovisual, outros 1,09 são gerados em outros setores da economia. A média para os setores de serviços é de 1,67, sendo que o setor de audiovisual figura em quarto lugar entre os maiores multiplicadores dos 17 setores de serviços que compõem a MIP.
Essa indústria também gerou 0,52% da massa de salários do setor de serviços em 2012, contra 0,20% de turismo e 0,49% de hotelaria. A massa foi da ordem de R$ 4,2 bilhões, contra pouco mais de R$ 3 bilhões em 2007, representando uma alta de 37% (em termos reais). O salário médio do setor foi maior que o dos outros setores ao longo do período, situando-se em R$ 2.735 no ano de 2012 – o salário médio no setor de serviços foi de R$ 2.028.
A TV aberta foi responsável por 66% dos salários pagos no setor em 2007 e 65% em 2012. O segundo segmento em termos de importância é o de TV por assinatura, com uma participação de 14% em 2012, ante 11,7% em 2007. O segmento de vendas e locação apresentou queda no período, enquanto produção ainda responde por menos de 10% da massa de salário (embora tenha apresentado crescimento entre 2007 e 1012).
“Uma característica marcante deste setor é a fragmentação na produção, em que determinadas tarefas são delegadas a parceiros especializados localizados em diversas partes do mundo”, aponta o relatório. Além de promover maior eficiência ao longo da cadeia de produção de valor, segundo o texto, este paradigma favorece o empreendedorismo, pois os serviços são providos por pequenas e médias empresas, que têm seus embriões em startups. “Políticas públicas focalizadas podem estimular este ambiente propício ao empreendedorismo. Um dos canais é a concessão de linhas de créditos em condições mais favoráveis a pequenos empreendimentos neste setor.”

Setor audiovisual cresce, mas ainda tem gargalos

Dados do estudo “Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro”, acima exposto,  encomendado pela Motion Picture Association América Latina (MPA-AL) e pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Audiovisual (Sicav), indicam que o preço médio do ingresso no Brasil dobrou no período de 2006 a 2011, correspondendo a quase 0,05% da renda per capita anual do brasileiro em 2011, contra menos de 0,03% nos países desenvolvidos.
Embora compatível com os demais países em termos absolutos, o preço do ingresso no Brasil é menos acessível quando se leva em conta o poder de compra dos consumidores. “Para que o ingresso seja mais acessível à população, uma das soluções é a diminuição da tributação incidente sobre o setor, que contribui para os altos preços, estimula a pirataria e dificulta o desenvolvimento sustentável do audiovisual no país”, ressalta o Diretor-Geral da MPA-AL, Ricardo Castanheira.
De acordo com dados do Instituto Millenium, trazidos também pelo estudo, os impostos sobre ingressos de cinema correspondiam a 30,25% em 2011. Para DVD, a alíquota atinge 44,20%.
No Brasil, ainda existe a chamada Condecine Título, tributo fixo sobre obras audiovisuais lançadas no mercado nacional para fins comerciais, como salas de exibição, vídeos para reprodução doméstica e locação (DVD, Blu-Ray), e reprodução em TV aberta ou fechada. Este mesmo tributo, se não aplicado de forma razoável, poderá também prejudicar, futuramente, o mercado de video on demand (VoD), reduzindo a quantidade de títulos disponíveis, dificultando a amplitude de acesso e assim estimulando o acesso por canais ilegais (leia mais aqui).
Em 2012, o setor audiovisual contribuiu com cerca de R$ 19,8 bilhões para a economia nacional, criando 230 mil postos de trabalho e gerando R$ 4,2 bilhões em salários. Ainda assim,  de acordo com a Consultoria Tendências, responsável pelo estudo, a falta de proteção dos direitos autorais impede a remuneração justa dos autores, detentores de direitos e profissionais interligados; a inovação de plataformas, conteúdo e de canais de circulação; o acesso de qualidade a conteúdos legais; bem como competitividade do mercado.
Outro problema para o setor é a falta de profissionais qualificados em áreas técnicas e de gerenciamento de negócios, fatores indispensáveis ao crescimento perene, sustentável, competitivo e duradouro. “O Brasil é internacionalmente reconhecido pelo seu talento e criatividade, com profissionais cheios de ideias e soluções inovadoras, contudo, muitas vezes necessitando de um referencial prático e teórico, que não só impulsionem tais relevantes características, como também os coloquem em posição de competir com quaisquer outros da área”, conclui Castanheira.
Fonte : http://www.culturaemercado.com.br/mercado/setor-audiovisual-cresce-mas-ainda-tem-gargalos/

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